Com o seu metro e oitenta e três de altura, ombros largos e um cabelo curto castanho escuro, Rasmus Lund traz com ele um sentido de autoconsciência discreto que inspira confiança. Os seus olhos são calmos e afáveis. É uma presença tranquilizante. O tipo de pessoa em quem se confia instintivamente - e que esperamos encontrar. No entanto, Rasmus só tem 28 anos. Mas já viveu mais experiências do que a maioria das pessoas alguma vez irá viver em toda a sua vida.
"Ironicamente, quando era criança, nunca sonhei em tornar-me bombeiro. Nunca brinquei com essa fantasia. Simplesmente não me interessava", recorda Rasmus. "Eu era uma criança ativa. E sempre adorei usar as minhas mãos. Mas só quando cheguei a adulto o combate a incêndios me passou a dizer alguma coisa."
No entanto, Rasmus já sabia desde cedo que queria trabalhar para ajudar as pessoas.
Uma experiência que mudou a sua vida
Quando Rasmus era um jovem rapaz, o pai teve um ataque cardíaco. Isso teve um enorme impacto sobre Ramus.
"Estávamos numa festa de aniversário em casa do meu primo. Tinha cerca de 10-12 anos. Recebemos uma chamada do hospital. Disseram-nos que o meu pai estava bem, mas que tinha sofrido um ataque cardíaco e que estava hospitalizado. Do nada, parece que tudo foi abaixo de repente."
Rasmus e a mãe visitaram o pai no hospital. Ver o pai preso a um conjunto de tubos a gotejar a sair das veias, chocou o jovem rapaz.
"Foi assustador. O meu pai tornou-se subitamente frágil e indefeso. Queria mesmo ajudar - mas não sabia como. Foi difícil", relembra Ramus. "Comecei a pensar que se isto podia acontecer ao meu pai, poderia acontecer a qualquer um. E começou algo em mim que me tem acompanhado desde então."
Rasmus decidiu que nunca mais iria ficar parado quando outros precisassem de ajuda.
"À medida que cresci, senti uma necessidade crescente de ajudar as pessoas. E queria ver se alguma vez conseguiria trabalhar nisso e fazer disso o meu modo de vida."
Ação e proteção
Depois da escola secundária, Rasmus procurou algo para fazer onde pudesse usar as mãos. Alguns amigos disseram-lhe que se queria sujar as mãos e ajudar as pessoas, a Agência Nacional de Gestão de Emergências era o sítio certo para ele. Assim, Rasmus aderiu como recruta.
Na Agência de Gestão de Emergências, Rasmus realizou a sua formação básica como bombeiro. E teve as suas primeiras experiências com operações de combate a incêndios e resgate de emergência.
"Foi uma excelente experiência. Não há nada que te aproxime mais dos teus colegas do que lutar infindavelmente em algumas zonas desoladas durante uma tempestade numa noite fria de novembro", afirma Rasmus.
Depois da sua inscrição, Rasmus trabalhou como salva-vidas e assistente de jardim de infância. Então, um dia, um velho amigo levou-o a visitar o quartel local de bombeiros da Falck.
"Foi emocionante. Estava em ação. Eram os camiões de bombeiros vermelhos - não de cor de laranja, como na Agência de Gestão de Emergência. Não. Aqui era o mundo real. Os verdadeiros bombeiros. Fiquei entusiasmado", recorda Rasmus. "E comecei como bombeiro a tempo parcial."
Impacto na vida real
Quando atravessou as portas do Quartel de Bombeiros local da Falck, Ramus pensava que sabia tudo sobre combate a incêndios. Hoje em dia, tem uma atitude mais humilde - forjada pela experiência e formação.
"Fui a pensar que era o melhor. Mas meus amigos, estava errado. Só depois de passares pelos bombeiros é que aprendes que os incêndios não se portam como é suposto. Não existem dois incêndios iguais - e há sempre um elemento imprevisto pronto a derrubar-te. É uma curva de aprendizagem muito acentuada", afirma Rasmus.
Para manter Rasmus e os seus colegas em forma e prepará-los para o inesperado, os bombeiros treinam permanentemente.
"A nossa formação prepara-nos para o inesperado, desafiando constantemente as nossas capacidades de adaptação às situações mais extremas. Na formação, podemos aprender com os nossos erros. Isso não pode acontecer quando estão vidas em risco."
No quartel de bombeiros há uma atmosfera descontraída, diz Rasmus. Ele e os seus colegas costumam brincar uns com os outros. Mas assim que o alarme dispara, a atmosfera muda.
"Gosto da mudança. No mesmo segundo, passamos de descontraídos a sérios. E estamos 200% focados. Entramos numa zona em que a nossa formação assume o controlo. É uma intuição profissional espontânea. Sabes o que fazer. Todos os que vão no carro de bombeiros têm um papel específico e sabem o que fazer desde a saída do quartel" diz Rasmus. "Se for um alarme grave, fica tudo calmo no carro de bombeiros."
Um dia perfeito
Um incêndio é sempre uma má notícia. São destrutivos. Ironicamente, isso representa um dilema para Rasmus e os seus colegas.
"Gosto de ter alguma coisa para fazer. Gosto de utilizar a minha formação. E é bom estarmos aqui para proteger as pessoas e a sociedade em caso de incêndio", afirma Rasmus. "Mas as notícias são sempre más quando somos chamados. Há sempre danos e perdas. Mesmo que ninguém se magoe. Por isso, para mim, um bom dia é quando o alarme não dispara."
Mas, profissionalmente, ainda fica impressionado com a eficiência e eficácia com que os bombeiros, como ele e os seus colegas, combatem grandes incêndios.
"Estava presente quando Bakken, na Dinamarca, ardeu. É o parque de diversões mais antigo do mundo. O incêndio era gigante. Já conseguíamos sentir o calor a irradiar à medida que íamos saindo do carro de bombeiros. Quase queimava os nossos rostos. Ver como funcionámos juntos, de forma eficiente e bem coordenada, nesse incêndio, foi espantoso. Mais de 15 carros de bombeiros. E ninguém ficou ferido. Isso deixa-me orgulhoso."
Neste momento, Rasmus é um bombeiro experiente. Ele conhece-se a ele próprio e sabe o que pode fazer.
"A minha formação e experiência permitiram-me agir calmamente e com eficácia em situações extremas. Posso ajudar. Sei como ajudar. E, mais importante, os meus colegas sabem que podem confiar em mim para os retirar, se necessário."